domingo, 4 de outubro de 2009
POEMAS DE MAJELA COLARES
"fazer poemas é soldar palavras
fundir o signo - literal sentido -
do verbo frio, transformando em chama
aceso verso, pensado e medido"
A CEGUEIRA DA LUZ
a cor da luz que refugia a noite
reflete sombras pressentidas quando
o tempo, ocaso, conspirou a luz
e nas pupilas desta noite fria
a luz fundiu-se contornando sombras
e se fez sombras quando luz, a luz...
VERTIGEM DA HORA
janela, muro, firmamento
a liberdade esvoaçando, rondando a vida
a imaginação rondando a mente
criando mundos
- mundo é o que dentro de nós existe
seus limites estão na ideia
circundam o tempo...
poderá ir um pouco além do muro
no entanto
confunde-se com o firmamento
com a vertigem da hora
a solução para o caos
está dentro de si
da mais remota e obscura
profundeza dos sentidos
à nítida e expressiva superfície de cada instante
os horizontes do grito de liberdade
a solidão do cárcere
nos habitam...
- cada homem é levado a conspirar um desses templos
CANTO VI
Essa História
longa e árdua
vem escrita
vem traçada
pela tinta
vil e trágica
rascunhando
noutras linhas
transcrevendo
noutras páginas
falsas letras
desbotadas
no silêncio
das palavras
AS MARCAS DO TEMPO
o último impulso do segundo antes
ao projetar-se no após segundo
risca no tempo cicatrizes, fendas
(o largo corte invariável, sempre)
que esculpe a forma virtual do instante
no confundível e abstrato mármore
imagem sólida do momento único
Poemas do livro As cores do Tempo
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