(Jusepe di Ribera)
ECCE HOMO
EIS O HOMEM
Nascido postumamente, vestido por muralhas
derrubadas por flores adubos de navalhas,
O crescedor de idos vê seu coração distante e tinto
e partido pelas setas dos longes findos.
Una após una, o jardim cresce, ruma e se completa,
E cada nova flor é uma nova flecha,
Aguda e afiada que, aérea, no céu desabrocha
em chuvas de pétalas de sangue, roxas rosas-rochas.
E monges antimuralhas aproveitam tréguas, claridades certas,
Para colher linhas do horizonte, que usam de flechas,
Desmontando a paisagem, tornando-a deserta.
E tanto deserto enfim contagia o que nasceu póstumo,
Que se vê nu e túmulo desuno sem húmus,
E, profecia vinda antes da língua,
Se contenta em morrer à míngua,
O corpo no passado ainda
e a alma só no futuro será compreendida
mas despida de matéria de onde venha a sua vinda.
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