segunda-feira, 27 de agosto de 2012

JORGE ELIAS NETO: SONETO

 
(W.J Solha)
 
 
 
Soneto para apaziguar borboletas
 
 
Para W. J Solha
 
 
A sombra é neutra, e desandado o escuro,
 
e, se não há certezas, há o adeus,
 
da emoção que dura ao saber-se nulo
 
o testemunho erguido de um deus.
 
 
E se silente a cama – à procura
 
da insignificância hirta e desperta –
 
oferecer leito e cocho à loucura,
 
dizer-se talvez louco, mas alerta.
 
 
O chão é leito tosco, mas correto
 
a todo ser avesso a esperança,
 
àquele que titubeia e tropeça,
 
 
na pedra desolada e, sim, temida
 
que rola o descaminho, sem inércia.
 
Salvam-lhe a vida as asas de poeta.
 
 
 
Vitória, 25 de agosto de 2012
 
 
 


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