(Dante Gabriele Rossetti)
LÁGRIMA
Há de secar a lágrima que rola
E escava a minha face, feito um rio
Na enchente da tristeza e do vazio
Que as margens do meu ser rompe e extrapola.
E rola sobre a face, qual marola
Nas tempestades d’alma em desvario
Depois d’um frio inverno e longo estio
Que a dor, bem lá no imo, se acrisola.
Um rio, que as comportas rompe e vence
Co’a força que é só sua e lhe pertence,
E rola sobre o chão da minha fronte...
Há de secar a lágrima, por certo,
E transformar a alma em um deserto
Sem oásis, miragens, horizonte...
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