Pode a arte apreender o movimento primevo do nascer das coisas e dos seres, de seus gestos, acontecimentos, vivências, quando um ser se define em sua essência? Antes do fato, o sonho, antes do anseio, os projetos; sempre a possibilidade. Os desenhos de Felipe Stefani, artista convicto em seu ofício, parecem demonstrar o fluxo premente da existência antes de sua realização nas dimensões da temporalidade. Traços assimétricos, onde início e fim confluem para o desfecho (inconcluso?) de uma obra expressa em formas vindouras, repletas da instabilidade característica do movimento, e que revelam um intento permanente de criação. Longe de uma mera abstração sintética, seus desenhos manifestam a forma, isenta de toda matéria, em seu prenúncio; subjetividade que busca o instante nascedouro. A estética de Felipe Stefani ecoa as palavras do poeta Murilo Mendes:
“O homem é um ser futuro. Um dia seremos visíveis.”
Hilton Valeriano
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