quarta-feira, 23 de junho de 2010

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: O AMOR NATURAL


(Agostino Carracci)


A CASTIDADE COM QUE ABRIA AS COXAS

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de poço feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.


2 comentários:

  1. Pôrra! Te pago um big big se vc adivinhar qual livro estou lendo. "O amor natural", crê?

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  2. Meu amigo Gustavo, o Amor natural é um livro muito prazeroso de se ler! Devo postar mais poemas ainda. Boa leitura! Drummond é sempre genial!

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