quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BERNARDO LINHARES: EPIGRAMAS





BANDEIRA VERMELHA


Para as orelhas sem cera
vem com o efeito de um bafo.
Oriunda das entranhas,
assada, esta ária obscena,
sofrendo de pau quebrado,
assola no seu passado.
Ópera bufa molhada,
tatuando a própria nádega,
sai tatu do seu buraco.
Ah! Batuta sem conserto
encurralada na merda
que só do seu verso abunda
nesse papel higiênico
o cacófato é sua bunda.


TUBARÃO

Sempre a comer, crânio insensato,
qual um tirano em seu castelo,
a indigência, monstro, é o seu prato
e seu talher: foice e martelo!

A HERANÇA DO CHE


Mosca, mosquito,
pulga, percevejo,
rato, pernilongo,
sovaco de morcego.

Carrapato, chato,
lacraia, teia,
picada de formiga,
cupim na cumeeira.

Lagarta,
lagartixa sem rabo,
rabo de gata.

Roída por traças
tem poesia,
poesia barata.

QUADRA PÁLIDA

Ludibriando o tom do negro
que aprecia a cor do cobre,
o vermelho, sem vergonha,
é de um branco pouco nobre.

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