domingo, 8 de novembro de 2009

DE SOMBRAS E VILAS


Marco Lucchesi

Este livro de Cláudio Neves é um conjunto de preciosa harmonia. Sonatina que se reconhece pelo depurado sentido da forma. Mas que não morre como aqueles que buscam uma perfeição desprovida de linfa e acaso brutal. Seus poemas respiram humanidade. E me pergunto: quantas vezes – e por sábia decisão – Cláudio não se decide a quebrar um verso, avançando-lhe outra medida, para criar ao fim e ao cabo uma leitura inesperada? Dá-se ao luxo de errar. E com uma ironia inconfundível – aquelas mesmas dissonâncias dos violinos de Penderecki. Violinos estranhos. Tão acertados no erro. Como se trabalhassem em diversas regiões da harmonia. Cláudio Neves domina as cordas de seu instrumento. Ressalte-se o uso do hendecassílabo como bem afirmou Paulo Henriques Britto. Ressalte-se a batida dos versos no lirismo no recorte da figura que se impõe no mistério das vilas. E dos ventos.

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