segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

MURILO MENDES: AFORISMOS




A poesia é a realidade; a imaginação, seu vestíbulo.




A plenitude poética opera o refinamento e a transfiguração da condição humana.



A poesia não pode nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão cotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito.



O verdadeiro poeta é conjuntamente um ser de circunstância, e eterno.



O olhar do poeta é vastíssimo: só ele percebe os inumeráveis crimes contra a Poesia.



Raramente me lembro que sou escritor; nunca me esqueço que sou poeta.



Não existe nada mais dentro de um conceito lógico, e menos digno de surpresa, que o desprezo do rico pelo poeta.



Haverá algum grande espírito que não seja clássico?



A escola futura deverá ser a base poética. Senão, servirá à burocracia e à guerra.



Através dos séculos o poeta é encarregado, não só de revelar aos outros, mas de viver praticamente no seu espírito e no seu sangue, a vocação transcendente do homem.



Sempre, em todos os tempos, a poesia corrigiu a crítica.



O poeta é escravo e senhor do poema.



Só pelos místicos, pelos músicos e pelos poetas se poderá restaurar a melodia da estrutura humana.



Uma flor é simples entretanto resulta de operações complexas. Uma flor é uma aparição poética.



Do livro O Discípulo de Emaús.

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