(Renoir)
O Banho
Ao longo dos braços brancos
As marcas dos meus desejos,
Todas sulcadas: pequeno
riacho
Por onde escorre a água do
batismo
Do meu amor tardio que se
calava.
Sobre o ventre macio se
formava
Uma pequena ilha onde me
refugiava,
As ondas mornas partiam a
cada movimento
Das suas mãos espadanando
como peixes
Que invadiam as minhas
madrugadas.
O esmalte da banheira em que
você deitava
Os pés apoiados em sua borda
como plantas,
E sua voz ensangüentada. E a
água resvalava
Por seus seios, instalada
como em uma varanda
Eu escrevia meus anseios em
uma tábua
Tal profeta que nada soubesse
sobre a tarde
Que descia discreta sobre as
suas pálpebras,
E descesse à floresta
submersa e de lá arrancasse
As hordas em disparada dos
deslumbramentos
Refletidas em sua fronte
prateada.
Ao longo dos seus bocejos
esvoaçam tranqüilos
O bando de nuvens estacionado
em seus olhos,
De sua boca levemente
escorrem os salmos
Dos navios desembocados na
morte e lá o aviso,
Para os que escaparam de tal sorte:
“Desvia-te, ó peregrino, de
terras movediças”.
Gostei do blog e deste poema em particular. bem-haja por nos dar tantos poemas e poetas.
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