sábado, 26 de janeiro de 2013

MARIANA IANELLI: POEMA

 
(Oswaldo Goeldi)
 
 
DÁDIVA
 
 
Vem de uma extinta batalha
O calor dessa ternura
Que é uma espécie de cansaço.
 
Quando a palavra não ousa,
Conversam os nossos olhos
Sobre descampados, carcaças tristes,
Um cenário de fumaça
De uma devastação que nos deu
O ritmo e as razões de um salmo.
 
O que nos dizemos
Os amantes se dizem, os irmãos,
Os cúmplices numa atrocidade.
 
Dizem os olhos
A noite que viram do outro lado
E o translúcido,
Finíssimo domo de orvalho
Que começamos a ver (e nos envolve)
No começo de uma lágrima.
 
 
(Do livro “O amor e depois”, Ed. Iluminuras, 2012)
 

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