(Jacques-Louis David)
Cântico da Morte
Em cada verso meu transpõe funéreo,
O préstito final das minhas dores;
A minha lira é um negro cemitério,
Onde os meus versos são os corredores;
Cada palavra — um túmulo cimério;
— Sepulcro d'elegíacos amores. —
E no papel, qual mármore cinéreo,
Talho epitáfios — féleos dissabores.
Do verso, como um lúgubre coveiro,
Preparo o abrigo eterno e derradeiro,
Para fazer de um sonho, a inumação...
E, nesse cemitério mortuário,
Pia a gemer, um mocho solitário,
— O mocho do meu atro coração!
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